segunda-feira, 23 de janeiro de 2012

Escola pública consegue vitória em massa no vestibular 2012

Apesar dos ataques daqueles que querem destruir a escola pública, professores, alunos e funcionários se desdobram para construir uma sociedade melhor. Mais da metade dos novos calouros das universidades UFPA, UEPA e UFRA são oriundos da rede pública. Essa vitória se dá, ao esforço e dedicação de alunos e professores que mesmo em condições péssimas de infraestrutura, conseguem espaço no ensino superior. Além da disputa por vagas, estudar ou trabalhar na escola pública no Pará requer determinação e compromisso social, já que em muitas escolas não há se quer segurança ou condições mínimas de trabalho, e estudantes e educadores enfrentam problemas que já deveriam ter sido resolvidos com os recursos públicos, se o governo do Estado e Município, investisse na educação. É o caso da Escola Estadual de Ensino Fundamental e Médio Padre Francisco Berton,localizada no bairro do Tapanã em Belém. Lá, estudantes e trabalhadores precisam conviver com má qualidade da água, rede elétrica precária, banheiros danificados, falta de material para ministração das aulas, cadeiras e salas sem nenhuma condição de aproveitamento, o que acaba desmotivando funcionários, professores e alunos. A coordenadora Pedagógica Jamili Casseb afirma que, materiais como copos descartáveis, garrafas e pilotos são comprados pelos próprios funcionários e professores, para garantir o ensino dos alunos. É dessa forma que o governo de Simão Jatene, diz ter compromisso com a educação? Com esse tipo de estrutura, educadores e educadoras da rede pública se deparam todos os dias: sem valorização e respeito com o estudante. Há quase 4 anos a escola executava o projeto “Rumo ao Vestibular” destinado aos alunos do ensino médio. As aulas eram ministradas em blocos e aos finais de semana, mas infelizmente foi suspenso. “Foi uma iniciativa da própria escola, alguns professores ministravam aulas aos sábados, sem nenhuma remuneração extra. Mas se a SEDUC investisse nessa iniciativa teríamos mais aprovação com certeza, não seria preciso o aluno se deslocar do seu bairro para se preparar em outro lugar”, afirma Denise Franco, professora de Língua Portuguesa. É o caso da estudante Maria Rosa, (45), aprovada este ano no curso de Pedagogia na UFPA. Rosa estudou sempre em escola pública. Casada e mãe de 3 filhos, voltou a estudar depois de 20 anos. Aluna do EJA, ela só conseguiu graças ao esforço, determinação e auxílio dos professores da escola. “Sempre me dediquei aos estudos, procurei ser uma aluna diferente”, diz. Sem poder pagar cursinho pré-vestibular, Rosa se preparou como pôde. “Minhas leituras obrigatórias, foram dos jornais e as aulas na escola, nada além disso, e os professores foram fundamentais, temos profissionais ótimos aqui”, conclui. Nem sempre o aluno da escola pública pode se preparar em cursinho pré-vestibular, manter o estudante o dia todo na escola e cursinho fica oneroso para uma família que se sustenta com um salário mínimo. Se o governo se preocupar e investir, o cenário educacional do Pará poderá ser mudado. Dificuldades financeiras não foram os únicos problemas enfrentados por Rosa, o ambiente escolar também foi barreira. Salas mal iluminadas, sem ventilação e nem espaço físico, o banheiro feminino há 6 meses não tem energia elétrica. Como o Estado não oferece infraestrutura para as escolas, principalmente as da periferia, o compromisso e responsabilidade social de professores, alunos e funcionários garantem a educação. A vitória de D. Rosa é a recompensa de quem acredita que a mudança só acontecerá por meio da educação, e para isso, qualidade e investimento são fundamentais. A realidade vivida por Rosa e Jamili repete-se em todo o Estado. O governador Simão Jatene continua a deixar de lado a educação, desvalorizando o profissional e o aluno.
Maria Rosa caloura UFPA Sintepp

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